Festival das Araras encanta Vila Amazônia e revela o turismo cultural de Parintins

Vila Amazônia (AM) — A cerca de 20 quilômetros do centro de Parintins, navegando pelo majestoso Rio Amazonas, encontra-se a comunidade de Vila Amazônia. O lugar, que nos anos 1930 e 1940 recebeu imigrantes japoneses responsáveis por impulsionar a economia local com o cultivo agrícola e o trabalho na saúde, hoje é um dos destinos mais ricos em história e tradições do interior amazônico.

Com suas paisagens ribeirinhas, campos e comunidades acolhedoras, a Vila se transforma, no último fim de semana de outubro, em palco de um dos eventos mais encantadores do calendário cultural parintinense: o Festival Folclórico das Araras da Vila.

Realizado no campo Cláudio Navarro, o festival reúne moradores de mais de 50 comunidades rurais que expressam suas raízes por meio da música, da dança e das lendas da floresta. É uma celebração da cultura popular, onde o visitante experimenta a essência do interior de Parintins, o calor humano, a hospitalidade e o colorido das alegorias que tomam conta da arena.

Neste ano, o 8º Festival das Araras consagrou a Arara Vermelha como campeã, após uma disputa acirrada com a Arara Azul. Décimos definiram o título em uma noite marcada por beleza, ancestralidade e resistência cultural.

Pytang Gua’a: Símbolo de Resistência da Floresta

A Arara Vermelha emocionou o público com o tema “Pytang Gua’a: Símbolo de Resistência da Floresta”, uma homenagem à força da natureza e à luta dos povos amazônicos pela preservação ambiental. O espetáculo trouxe coreografias impactantes, alegorias monumentais e rituais indígenas que ecoaram como um grito em defesa da floresta.

Asas da Ancestralidade

A Arara Azul apresentou “Asas da Ancestralidade”, um mergulho poético nas memórias e heranças dos povos originários. Dividida em sete atos, a apresentação mesclou danças regionais, mitos amazônicos e celebrações que culminaram na apoteose O Voo da Eternidade.

O festival contou com 17 itens avaliados, entre eles Apresentador, Cantador, Guardiã Arara, Rainha Cabocla, Xamã, Danças Regionais e Ritual Indígena, cada um representando fragmentos da alma amazônica.

Criado em 2011, inicialmente sob o nome de Festival das Cores, o evento nasceu de uma iniciativa comunitária voltada à juventude local. Com o passar dos anos, transformou-se em um grande espetáculo folclórico, consolidando-se como um importante instrumento de valorização cultural e de fortalecimento do turismo na região.

Durante o festival, as ruas da Vila Amazônia ganham vida. Visitantes chegam de barco, casas se abrem para acolher parentes e amigos, e a culinária típica — com peixe assado, farinha d’água e sucos de frutas nativas — dá um sabor especial à festa.

Para quem visita Parintins fora do período do Festival dos Bois-Bumbás, o Festival das Araras é um convite para conhecer outro lado da cidade: o turismo cultural e comunitário.

O trajeto até a Vila, margeando o Rio Amazonas, é uma experiência cênica por si só, revelando a beleza do interior e a harmonia entre natureza e tradição. É um passeio que conecta o visitante à essência amazônica e mostra que Parintins é muito mais do que a terra do boi — é um mosaico de histórias, cores e celebrações.

Assim, o Festival das Araras reafirma seu papel como um dos mais autênticos símbolos da identidade parintinense, convidando todos a viver a magia do povo da floresta em qualquer época do ano.